Palavras apenas, palavras pequenas, palavras perdidas no espaço-tempo...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Marinus (Parte 1)







   O vento estava calmo aquela noite, noite de lua cheia na verdade, noite das pessoas sonhadoras e de casais apaixonados.

  Marinus era um infeliz jovem do primeiro grupo de pessoas, ele sonhava descobrir sua história, ele sonhava poder viver e parar de sofrer. Ele desejava se libertar!

   Liberdade ...

   Acredito que Marinus não conhecia a liberdade, ele jamais teve a oportunidade sair daquele calabouço que chamava de casa depois que adentrou nela pela primeira vez.   Sua mãe adotiva, que de mãe não tinha nada, era um velha rica com o nome Catarina que só o adotara para que perdesse um pouco da fama de má, que não era só fama, era pura verdade.   Já seu pai adotivo era uma pessoa melhor que ela, Jânio era um homem infeliz também, ele só se casou com ela por ser um casamento arranjado pelos seus pais, se não ele provavelmente teria se casado com alguém que lhe amasse, Catarina não sabia o que era amar.         

  Jânio era o único protetor e porto seguro de Marinus, sua unica alegria na vida, se não fosse ele o pobre coitado além de ser tratado como o pior ser humano do mundo pela velha e seus 3 filhos provavelmente seria espancado por eles até perder a consciência todos os dias.

   Mas agora seu pai morrera e ele estava totalmente sozinho no mundo.

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   Marinus se sentou no batente da janela de seu quarto, um minusculo 
cubículo no segundo andar da casa com uma cama velha e um bau com suas coisas.    A brisa acariciava seu rosto enquanto ele pensava no que viria pela frente, o vento de repente ficou frio e cortante e o assustou, isto o fez lembrar do que sempre lhe falavam sobre o mundo ao seu redor, “Não vá para fora menino, lá é perigoso!” “Se for para lá irá morrer!” “lá fora comem as pessoas vivas!” “Por ai existem pessoas que dão 5 vezes a sua altura”, embora algumas das coisas que lhe falassem pareciam muito falsas, algumas pareciam reais, e outras ele tinha vontade de conhecer, principalmente sobre as histórias que Jânio o contara que ao contrario das da mãe e do irmão eram boas na maioria das vezes, como seria este homem que daria 5 vezes a altura dele se tal coisa existisse?  Existiria realmente uma fonte da juventude? Talvez nem tudo por lá fosse ruim, talvez existissem coisas boas como a que seu pai contara também, e essas histórias puxavam sua alma pela janela. 

   A tentação de pular a janela e andar pelo mundo a fora agora o começaria a prossegui-lo por dias até que depois de mais uma das surras diárias que começaram na manhã depois daquela noite, ele se rendeu, pegou algumas de suas roupas rasgadas, um tanto de comida, alguns trocados achados no quarto de sua mãe e outras coisas que lhe pareciam uteis, enfiou tudo dentro de uma antiga bolsa de couro e pulou a janela na madrugada enquanto os outros habitantes da casa dormiam para dar inicio, a sua nova história. 




segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Naquela noite fria




Naquela noite fria comecei a pensar em quem sou, analisar minha pequena vida, meus feitos, meus sucessos e tragédias a procura de quem sou, a procura da minha identidade, a procura do meu DNA, do espirito que habita este saco de carne e ossos.

Naquela noite fria percebi que nada tenho, que sozinho estou, aqueles a quem chamava de amigos me largaram ainda no por do sol, quem eu amava e dizia corresponder esse amor agora simplesmente não me ama mais, sou só mais um que passou pela sua vida.

Naquela noite fria notei que meus sonhos caíram aos meus pés, que nunca entraria na faculdade que desejo, que minha casa nunca iria sair do projeto, que meu carro jamais andaria, que eu não teria com quem ter os filhos que eu desejava, e que mesmo se eu obtivesse algum êxito na minha vida ele seria amargo e solitário.

Naquela noite fria em que eu estava encolhido no chão do meu quarto e soltava lágrimas de angustia, eu caia em um túnel negro e sem fim e que no final me apontava uma lamina como saída.

Naquela noite fria eu traçava o caminho por onde acabaria com meu pesar e com as desilusões da minha vida de uma vez por todas.

Naquela noite fria uma gota de sangue apareceu em meu pulso, mas eu ainda não o havia cortado, quando olhei para cima a procura da fonte daquilo me deparei com uma mão ensanguentada e traspassada por um prego, ela estava estendida para mim.

Naquela noite fria percebi que o final do túnel não precisava ser o final de tudo, mas sim um recomeçar em minha vida. 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Daria minha vida por você
Faria de tudo para lhe proteger
Só não gostaria de perder nossas lembranças
Em algum de nossos sonhos de esperança

Aquele por do sol em Cancún
Ou o Natal no Rio grande do sul
Aquelas férias na Bahia
Ou o café da manhã em Teresina

A viagem de serviço à Itália,
Ou quando fomos ver seus primos na Austrália
O nascer do sol no Japão
Ou os ferozes leões do Gabão

A champanhe em Madri
Ou as ondas do Havaí 
Até quem sabe aquela briga bem ali...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012



Quem sabe agora que não há mais solução
A dama me leve em seu acalanto calado
Para outra dimensão aonde isto nunca mais aconteça
Aonde a tristeza não reina

Talvez ela me leve em seus braços firmes
Ou me jogue aos seus ombros macios
Más de qualquer maneira será melhor que sofrer
Ao ficar tão perto mas tão longe de você

Prefiro nunca mais vê-la
Do que vê-la a toda hora
E só poder ser displicente
De maneira tão incontente

Tê-la ao alcance de meu braço
Mas mal poder tela em minha mente
Sofrendo assim calado
Vou-me embora para sempre 


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O caso do pobre homem pobre



                Lá estava o pobre homem pobre sentado ao banco da pequena delegacia de interior vestido com roupas velhas e surradas pelo tempo e pela vida dura do trabalhador do campo e com um saco de pano aos pés de onde saia um barulho intrigante semelhante ao cacarejar de uma galinha. 
             Por uma porta lateral entrou uma homem parrudo de terno fino com alguns papeis enrolados em sua mão, se posicionou a frente do pobre homem pobre e se apresentou como delegado e lhe disse:
- Bem senhor, José, não é? Como o senhor deve saber foi acusado de roubar esta galinha a seus pés, mas não temos provas contra o senhor por enquanto, a menos que o senhor Gilmar seu acusador diga mais algo importante no depoimento que está dando ali na sala.  – Terminou o delegado, e olhou para o pobre homem pobre sabendo que aquele caso provavelmente seria desperdício de seu tempo, pois aquele homem tinha cara de jamais ter cometido um crime em sua vida.
O pobre homem pobre nada disse ao delegado, somente consentiu com a cabeça, ele estava aterrorizado com a situação e tinha muito medo de acabar indo preso, sabia que não era culpado, mas mesmo assim tinha medo, pois sabia que haviam muitas pessoas injustas neste mundão. 
O delegado pediu licença ao pobre homem pobre e se retirou novamente a sala ao lado, enquanto isto a galinha começara mais uma vez a cacarejar compulsivamente, porque a coitada estava a muito tempo presa naquela sacola, estava cansada de ficar no escuro e sentir falta de ar, queria se libertar e voltar ao terreiro de seu dono e se empanturrar da grama verde brotando no chão. 
            Um velho calvo e barbudo, com roupas muito melhores que as do pobre homem pobre se retirou da sala ao lado acompanhado do advogado e saiu da delegacia com um sorriso estampado no rosto enquanto o delegado dizia a ele:
- Não se preocupe senhor Gilmar, quando tiver terminado o caso irei lhe informar de qual será o final dele, e se a galinha for sua poderá vir pega-la amanhã.
            O delegado voltou calmamente para dentro da sua sala sem falar nada com o pobre homem pobre e se recostou na sua confortável cadeira de couro e começou a refletir sobre os últimos acontecimentos, aquela não era a primeira vez que ele havia ouvido queixas ridículas do senhor Gilmar, ele sempre era roubado de coisas que não possuía, uma vez foi uma cabra, outra um ganso, mas o homem nem tinha onde criar tais bichos em casa, já o senhor José tinha uma ficha incólume, nunca nem tinha entrado naquela delegacia, por conseguinte o delegado se decidiu, senhor José era um inocente, a galinha era sua e o senhor Gilmar era mais um vez um mentiroso.
             O delegado chamou o pobre homem pobre a sua sala, este se sentou temerosamente em uma cadeira em frente a grande mesa do delegado, e este lhe disse:
-Senhor José, pode ficar tranquilo, conclui que a galinha é sua e que o senhor Gilmar é um mentiroso, pode pegar sua galinha e ir para sua casa - O delegado acompanhou o agora feliz pobre homem pobre até a porta da delegacia, deu um aperto em sua mão e lhe desejou um bom dia.    
            E o feliz pobre homem pobre seguiu feliz pelas ruas da pequena cidade de interior a caminho de sua casa, com a galinha na sacola em seu ombro, e está viveu por mais alguns meses sendo feliz nos verdes pastos de seu dono, até o natal, aonde foi muito bem assada e servida à família do agora mais feliz ainda pobre homem pobre. 

Ela é a...




Ela prefere andar por ai invisível pelo vento que bate nos galhos das arvores e apavora as criancinhas à noite, o vento que ao tocar no seu pescoço provoca um grande calafrio que se estende por cada milímetro do seu corpo, o vento que te faz querer andar cada vez mais rápido quando se está fora de sua casa nas horas escuras da noite.

Ela gosta de andar se esquivando nas sombras numa noite de lua cheia, ou se deixando ser vista rapidamente na rala luz da uma lua nova, deixando algumas de suas sortudas vitimas terem um rápido vislumbre dela antes que seus corações parem eternamente.

Ela prefere trabalhar quando a lua já está muito alta no céu, aonde a calmaria reina e ela pode andar calma pelos seus trajetos a procura dos infinitos nomes da sua lista.

Ela nunca tem descanso, ela trabalha desde que os homens andam neste mundo, ela os viu aumentar espantosamente em um tempo desprezível comparado com o tempo de existência do universo, causarem dor e sofrimento aos seus semelhantes em busca de algum proveito deles próprios, e para quem sobra o fardo de toda está dor? Para ela. Ela só parará quando o ultimo dos homens cair aos seus pés num ultimo suspiro de ar com sua alma se elevando ao infinito em seus braços frios.

Ela é aquela que tira a dor de uma vez por todas, ela é a que destrói sonhos segundo dizem, trás tristeza para os que ficam e felicidade para muitos que vão, mas nunca sobre nenhum agradecimento para ela, só a insultam e rogam pragas sobre a coitada que nunca descansa.

Ela é a morte.... 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Quem sabe no fim de novembro


Você não é mais o meu ideal
Você não é mais tudo que pensei
Quem sabe tudo volte a como era
Quem sabe no fim de novembro

O vento traz de volta as más lembranças
Ele prenuncia a tempestade que vem
Que devasta tudo que temos
Mas quem sabe tudo vote a ser o que era
Quem sabe no fim de novembro